No âmbito do prolongamento da linha Vermelha de São Sebastião a Alcântara, o Metropolitano de Lisboa informa que o Jardim da Parada manterá todas as suas atuais características depois das obras de construção da nova estação de Campo de Ourique.
O prolongamento da linha Vermelha a Alcântara constitui um projeto estratégico no âmbito do Plano de Expansão da rede e resulta de um processo de análise aprofundado e detalhado, de envolvimento de diversas entidades de reconhecido mérito e competência técnica e de pareceres das autoridades decisoras, tendo recebido parecer favorável da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), condicionado ao cumprimento de um conjunto de termos e condições que serão cumpridas pelo Metropolitano de Lisboa mas que não implicam a deslocalização de qualquer uma das quatro novas estações previstas.
O Metropolitano de Lisboa, em articulação com a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a Junta de Freguesia de Campo de Ourique, organizou em junho passado, uma sessão Pública de esclarecimento aberta à população da Freguesia de Campo de Ourique, sobre o projeto de Extensão da Linha Vermelha a Alcântara e em particular sobre a implantação da estação de Campo de Ourique e localização dos respetivos acessos. Da mesma forma, o Metropolitano de Lisboa recebeu todas as organizações que mostraram interesse em reunir com esta empresa sobre esta matéria.
Num projeto desta natureza, a compreensão de aspetos particulares do projeto só poderá ser alcançada através de uma compreensão robusta da globalidade da extensão do prolongamento em causa, das suas condicionantes e restrições ao traçado do projeto, reconhecimento hidrogeológico e geotécnico do território atravessado e à coerência do mesmo no espaço urbano consolidado com potencial para implantação dos túneis e estações.
Na análise de viabilidade do projeto, consubstanciada nas suas diferentes disciplinas e na ponderação de todos os fatores, concorrem para a opção de localização da estação Campo de Ourique sob o Jardim da Parada, os seguintes principais fatores:
- A sua centralidade relativamente ao Bairro de Campo de Ourique, possibilitando a distribuição rápida para outras zonas de Lisboa, nomeadamente para o centro e zona oriental da cidade e redução significativa dos tempos estimados de percurso;
- Assegurará 12% dos movimentos diários das novas quatro estações do prolongamento da linha Vermelha. Para qualquer outra localização avaliada para a estação Campo de Ourique não se alcançaram resultados desta ordem de grandeza;
- Menor risco de interferência dos processos construtivos com a estabilidade do edificado da envolvente;
- Menor impacto durante o período construtivo no que respeita à definição das áreas destinadas a estaleiro e à interferência das mesmas com vias de circulação públicas.
- A área predominante do Jardim manterá a sua utilidade e atividade social atual. Será implementado um Plano de Monitorização do Ruído e de Vibrações;
- Redução de interferências com infraestruturas técnicas no subsolo.
- A solução adotada servirá, assim, o máximo de pessoas causando o menor impacto e constrangimentos possíveis noutros locais da freguesia, marcada por uma malha urbana apertada, com uma única faixa de circulação por via e com pouco estacionamento, bem como evitar a proximidade do túnel aos edifícios existentes, na fase de construção.
A estação Campo de Ourique ficará implantada sob o Jardim da Parada a uma profundidade de 35 metros e será construída integralmente em zona rochosa de maciço calcário, estrato onde ocorre a perfuração para a travessia do túnel e que é favorável em termos de estabilidade.
Relativamente à estrutura arbórea existente no Jardim da Parada, constata-se que as espécies em presença, tendo em consideração o seu porte e idade, terão uma profundidade máxima do enraizamento de cerca de 6 metros, situando-se na camada de aterros e argilas não atravessada pelo futuro túnel e pela estação de metro. Assim, pode aferir-se que os trabalhos que o Metro de Lisboa irá realizar no subsolo não terão qualquer interferência no enraizamento das árvores.
Para montar o estaleiro e fazer a estação (e realça-se que o estaleiro do Metro ocupará somente cerca de 15% da área do Jardim), será necessário retirar seis lódãos (situação prevista e conciliada com a Direção Municipal dos Espaços Verdes da CML). Como medida de compensação, serão plantadas 50 novas árvores na freguesia de Campo de Ourique, em local a definir entre a CML e a Junta de Freguesia. No final da obra, desses seis lódãos que foram retirados, quatro (não esses, mas outros) serão plantados exatamente no mesmo local. Os outros dois lódãos não podem ser plantados exatamente no mesmo sítio, mas serão plantados dentro do jardim. Ou seja, no balanço final, não haverá supressão de árvores no Jardim da Parada.
Ainda no que às árvores diz respeito, na fase de obra será garantida uma zona de proteção de 20 metros de raio dos 3 exemplares arbóreos classificados (fitomonumentos) existentes e que o Metro de Lisboa não irá intervir. Será, igualmente, garantido o acompanhamento ambiental do estado fitossanitário desses exemplares classificados.
Foi também coordenado com os serviços da CML, o estudo pela autarquia para o programa de requalificação do Jardim da Parada com eventual ampliação da área verde e criação de via pedonal na Rua 4 de Infantaria, ou seja, implementação de um programa de recuperação e integração paisagística, a definir pela autarquia.
Na fase de execução de obra, e por questões de segurança, o espaço infantil existente será relocalizado e as áreas de estaleiro a ocupar serão restringidas ao máximo. Será construído um único poço no espaço onde hoje pontua um edifício para apoio. Quando a estação abrir ao público, dois elevadores serão apenas as únicas estruturas emergentes, ficando localizados no espaço atualmente ocupado pelo edifício atrás referido.
A implantação dos acessos à estação foi definida em estreita colaboração e coordenação com a Direção Municipal do Urbanismo e Direção Municipal da Mobilidade da CML, prevendo-se um acesso na Rua Almeida e Sousa, próximo do cruzamento da Rua Ferreira Borges e outro na Rua Francisco Metrass, potenciando assim a ligação e o fácil acesso ao serviço da estação de Metro às zonas do bairro de Campo de Ourique de maior densidade habitacional, de serviços e de atividade social.
O prolongamento da linha Vermelha é um projeto complexo, que exige uma visão global e abrangente, oferecendo a melhor solução de mobilidade aos lisboetas. A localização de cada uma das quatro estações previstas não resulta de uma análise casuística, mas de uma ampla e exigente ponderação para a adoção de uma solução equilibrada, assente em estudos técnicos e na consulta de diversas entidades da especialidade de reconhecido mérito e competência.
Depois da linha Circular, o futuro do Metropolitano passa pelo prolongamento da linha Vermelha a Alcântara. Previsto no PRR, conta com um investimento de 304 milhões de euros e afigura-se essencial para o novo paradigma da mobilidade sustentável e da descarbonização.